-(Notícia atualizada) - Morreu neste sábado, dia 15, o advogado Jorge Aidar, 89 anos, com mais de 40 anos de história na advocacia de Fernandópolis. O corpo foi velado no Complexo Funerário Orlando Panhozi e cremado na manhã deste domingo no Crematório Memorial na cidade de Botucatu/SP. Deixou três filhas: Daniela, Mariana e Fabiana.
De histórico ligado ao político Leonel Brizola, Aidar foi vereador na cidade, durante os mandatos dos ex-prefeitos Percy Waldir Semeghini (64 a 68) e Antenor Ferrari (72/76). Foi também candidato a prefeito.
Uma de suas últimas ações políticas ocorre em outubro de 2007, Aidar usou a Tribuna Livre da Câmara em defesa da não renovação do contrato da Sabesp, projeto que estava em discussão no legislativo. Considerava que “se a cidade assumisse a administração dos serviços de água e esgoto, Fernandópolis teria a sua redenção econômica.
O advogado disse na época que, por causa da idade, já deveria ter se afastado das coisas da política, mas ela era igual a cachaça. Aidar considerou ofensivos os termos de uma carta apócrifa distribuída na cidade na época que colocava em dúvida o comportamento dos vereadores nas negociações da renovação com a Sabesp. Ele defendia que os vereadores, na época, rejeitassem o projeto pois entendia que ele significava um suicídio, a entrega do tesouro. Jorge Aidar era vereador na Câmara de Fernandópolis quando foi votado o projeto de concessão dos serviços de água e esgoto na cidade à Sabesp, no governo de Antenor Ferrari. Ele disputou a eleição pela Arena 2 e obteve na época 533 votos. Antes, ocupou cadeira no legislativo durante o mandato do prefeito Percy Waldir Semeghini, eleito pelo PSP.
Jorge Aidar estava no grupo de sete vereadores que foi preso por ordem judicial em 3 de novembro de 1966 (leia a história abaixo).
Na edição de sábado, 15, na coluna Bastidores, CIDADÃO lembrou a mais disputada eleição de Fernandópolis em 1992. Um dos candidatos era Jorge Aidar. Ele disputou o pleito com Ângela Azadinho, Alcides do Faria, Armando Farinazzo, Chico Arouca, Jorge Aidar, Luiz Vilar e Ricardo Franco. Luiz Vilar venceu as eleições com pouco mais de 20% dos votos.
Em agosto de 2014, a 45ª Subsecção da OAB de Fernandópolis, sob a presidência de Marco Aurélio Del Grossi, realizou em comemoração ao Dia do Advogado, jantar em homenagem ao decano Jorge Aidar, que há mais de 40 anos atuava na advocacia fernandopolense. Como lembrança, o advogado recebeu uma placa de homenagem entregue pelo presidente da 45ª Subseção.
O dia em que o vice-prefeito e 7 vereadores foram para a cadeia
Nos arquivos do jornal CIDADÃO, a história da prisão de sete vereadores em Fernandópolis, foi relatada em reportagem publicada no dia 1º de agosto de 2009. Jorge Aidar, era um dos vereadores presos na época . Leia a reportagem:
O escrivão de polícia Manoel Fernandes Ramos mal podia acreditar no que via: diante dele, escoltados por um jovem militar, estavam o vice-prefeito Jacob de Angelis Gaeti (então no exercício do cargo de prefeito) e sete vereadores do município de Fernandópolis. Esses vereadores entre eles um médico, um advogado e alguns comerciantes, a nata da sociedade estavam presos em flagrante.
Por mais absurda que a história pareça, ela é real. Aconteceu no dia 3 de novembro de 1966, quando o prefeito de Fernandópolis era Percy Waldir Semeghini. Uma sentença condenatória o havia afastado do cargo. Uma decisão do Supremo Tribunal Federal devolveu a Percy os direitos políticos.
Quando ele se preparava para voltar ao cargo, um mandado de segurança requerido por Nelson Rodrigues da Cunha e outros a ala pachequista da Câmara Municipal obtivera liminar, concedida pelo juiz de Direito da época, o Dr. Ayuch Amar, então com 26 anos de idade.
Isso aconteceu no dia 23 de outubro, o que provocou o cancelamento da sessão da Câmara do dia 24, em que Percy seria reempossado no cargo. Dias depois, porém, Percy retornou de Brasília com documentos do STF que lhe garantiriam a plenitude dos direitos políticos. Convencidos disso, a maioria dos vereadores oito o reempossou numa sessão realizada no dia 29 de outubro.
Dois dias depois, ao retornar de São Paulo e tomar ciência dos fatos, o juiz Amar considerou a atitude dos vereadores como desobediência a determinação judicial e ordenou a prisão de Jacob Gaeti, que era conhecido como Vigorelli, e dos vereadores Wagner Rodrigues Costa (presidente do Legislativo), Antonio Garcia Pelaio, Gentil Franco de Almeida, Jorge Aidar, José Antonio de Figueiredo, o Zé Cearense, Matsuo Yendo, José Akira Massuda e Feres Bucater. Todos eram da Aliança Renovadora Nacional, a Arena.
Esses vereadores compunham a bancada situacionista da Câmara e votaram a favor da posse de Percy. Dos oito, apenas Feres Bucater escapou da prisão, pois estava viajando.
GENTILEZA
Passados 43 anos, o único dos políticos que foram presos naquele dia que ainda está vivo é o advogado Jorge Aidar, que na época tinha 35 anos de idade. Até hoje ele considera precipitada a ordem de prisão. Aidar, porém, faz questão de destacar a gentileza e respeito do delegado Nelson Lourenço Vanni: O Dr. Nelson fez questão de me deixar detido na sua própria sala, conta o advogado.
O delegado Vanni considerou que não haveria necessidade de manter os vereadores e o vice-prefeito na prisão, e, após o interrogatório, arbitrou uma fiança de 5 mil cruzeiros para cada um e determinou: Expeça-se Alvará de Soltura em favor dos acusados em questão, para soltos se defenderem no processo.
Consta nos anais que esse episódio da política de Fernandópolis na época, gozando do pouco lisonjeiro apelido de Processópolis - que no dia das prisões, um grupo de empresários da empresa Ultrafértil, interessado em instalar um posto de sementes na cidade, diante do quadro caótico, desistiu imediatamente da idéia e riscou a cidade de seu plano de expansão.
Esse imbróglio é um dos muitos casos que podem ser encontrados no arquivo da Polícia Civil de Fernandópolis, que foi organizado e catalogado pelo delegado Raul Bíscaro Filho, titular do 1º Distrito Policial.
