Karina: o ensino do Inglês sob a inspiração de Chaplin

20 de Agosto de 2025

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Karina: o ensino do Inglês sob a inspiração de Chaplin

 Karina Torres Brandão Carnelossi realizou um velho sonho: ter um curso de línguas com o nome de seu ídolo Charles Chaplin, “o maior artista da língua inglesa”, segundo essa professora que nasceu em Pouso Alegre (MG), conheceu o marido Márcio nos tempos de faculdade em Campinas e com ele veio morar em Fernandópolis, onde nasceram os filhos Camila e Matheus. Há algumas semanas, nasceu o Chaplin Language Center, cujo slogan é “The art of teaching”. Formada em Letras e especializada em Línguas e Cultura da Língua Inglesa, Karina está em lua de mel com sua nova escola, na qual aplica a experiência de 20 anos na área. Plenamente adaptada a Fernandópolis, ela e Márcio só têm uma divergência: enquanto ele é palmeirense doente, a mineira Karina torce pelo Cruzeiro. “Mas o meu time é o Palestra Itália de Minas”, contemporiza ela.   

CIDADÃO: Qual é a proposta pedagógica do Chaplin Language Center?

KARINA: O Chaplin veio como uma inovação, trazendo junto os 20 anos de experiência que a gente tem no ensino de idiomas em Fernandópolis. Eu trouxe um material importado, da Pearson Longman, que tem uma abordagem comunicativa. Então, todas as estruturas do inglês, ao invés de receberem uma abordagem gramatical, são vistas dentro da comunicação. Esta pode ser escrita, ou em termos de compreensão  auditiva, leitura. Todas as estruturas do inglês, enfim, são vistas dentro da comunicação, ao contrário do que normalmente se faz – normalmente, se vê a estrutura primeiro, e depois começa a comunicação. Aqui, a estrutura está inserida nessa abordagem.

CIDADÃO: Qual é a razão para o slogan: “The art of teaching”?

KARINA: É porque eu imagino que o professor é um profissional que está sempre numa espécie de palco. Ele e observado o tempo todo. É diferente de muitas outras profissões, onde você trabalha sem ser observado – o que é observado é o resultado do seu trabalho. Nós, professores, somos olhados, medidos, avaliados, durante todo o tempo. É como se estivéssemos num palco iluminado. Enxergo a sala de aula como se fosse mesmo um espaço do ator. Claro, temos o direito de errar, mas o duro é que o erro acontece em público, afinal os alunos estão observando o professor.

CIDADÃO: Como se realiza a proposta de ensinar inglês ás crianças de forma lúdica?

KARINA: A criança de três a cinco anos entra no processo de aquisição do idioma da mesma forma como ela adquiriu a língua materna – evidentemente, com um contato menor. Não pode sistematizar, tem que ser com brincadeiras, jogos, atividades de coordenação motora. Tudo aquilo que a criança vê na escolinha onde está estudando, tem que ter também na escola de inglês. Da mesma maneira que ela brinca no maternal, no jardim, ela fará na escola de inglês, só que tudo em inglês. A gente tem crianças na escola, que hoje andam aí pelos oito anos, e que estiveram conosco desde pequenininhas, que a professora só fala em inglês com eles. Meu filho, por exemplo, começou com três anos, e hoje está fluentíssimo. É até mais fácil para a criança aprender nessa idade. Só que tem que ser num processo lúdico, não há outra forma de prender sua atenção. A criança não tem concentração por mais de 40 minutos. Tem que ser estimulada.

CIDADÃO: O fato da criança, mesmo com poços anos de idade, ouvir muito inglês na TV ajuda ou atrapalha?           

KARINA: Ajuda muito! A exposição ao idioma faz a pessoa se acostumar com os sons, porque nós nascemos com a estrutura física necessária para falar todos os idiomas. Temos estrutura para isso. Então, considerando que a fala é um elemento intelectual, mas a pronúncia é um elemento físico, quanto mais você pronunciar, mais fácil será falar um idioma estrangeiro. O inglês tem sons que o português não tem, assim como o francês. A abertura da boca, o posicionamento da língua. No português, temos sete sons vocálicos. Os “e” aberto e fechado, os “o” aberto e fechado, “a”, “i” e “u”. No inglês tem um monte! Então, como produzir esses sons? Você tem que ensinar qual a posição e o movimento da boca. Se não for ensinado, o aluno fala “big”, porque na sua língua portuguesa não há o som de “bêg”. Portanto, quanto mais você ouvir o inglês, maior será a sua facilidade de aprender. Fico indignada quando as pessoas assistem filmes de DVD e colocam a versão dublada em português, por vários motivos: primeiro, perde-se o trabalho do ator, esse lado artístico, as inflexões da interpretação. Sean Connery dublado é o fim da picada! Além disso, perde-se a oportunidade de escutar o inglês, de se familiarizar com os sotaques. Os iniciados sabem diferenciar: “esse cara é britânico!”. Para aprender bem, é importante estar “exposto” ao inglês. Claro que a hegemonia norte-americana – até mesmo econômica – acaba impondo maior incidência de exposição ao inglês “ianque”.

CIDADÃO: A escola adotou o nome desse grande ator, assim como cada curso leva o nome de um filme de Chaplin. Qual é a razão dessa homenagem?      

KARINA: Eu sou, desde criança, apaixonada por Charles Chaplin. Tenho todos os filmes dele, considero-o atemporal. Ele agrada a qualquer criança, eu me emociono com ele. Tem mensagens maravilhosas, era um cara fora do tempo dele. Um artista com múltiplos talentos: músico, ator, produtor, diretor, mímico, grande dançarino, tinha um domínio do corpo impressionante. Além disso, um grande pensador. Sempre fui fascinada por ele, meu cachorro se chama Chaplin. Tem até um bigodinho preto (risos). Sou tão apaixonada por ele que alguns ex-alunos, ao verem o nome da escola, associaram imediatamente comigo.

CIDADÃO: O material didático é importado? Qual a vantagem disso?

KARINA: No Brasil, não existe qualquer editora que crie cursos de inglês. Por exemplo, a Pearson Longman é britânica e americana. Agora ela tem uma representação nos Estados Unidos, porque nosso inglês é americano, assim é a formação dos nossos professores. Trabalho assim há muito tempo. Eles têm contato com o inglês britânico nos filmes.como “Um lugar chamado Notting Hill”, que tem o (ator) Hugh Grant que é inglês e a Julia Roberts que é norte-americana, para eles verem as diferenças, o que marca o sotaque de um e o sotaque de outro. Os alunos falam “inglês americano” porque há uma tendência natural de imitar os professores, mas eles conhecem também o inglês britânico.

CIDADÃO: Além do inglês, há outras línguas que o Chaplin ensina?

KARINA: Sim, o Espanhol. É o terceiro idioma mais falado no mundo, e existem determinadas empresas que exigem que o funcionário fale espanhol. É um erro muito grande achar que o espanhol é como o português. São semelhantes? Sim, é inegável, mas achar que quem fala português domina o espanhol é um erro. Basta ir a qualquer país de língua espanhola para constatar isso.

CIDADÃO: Você passa a sensação de estar apaixonada pelo Chaplin Language Center. Foi um sonho realizado?        

KARINA: Ah, sim! Essa ideia de ter o Chaplin existia há muito tempo. As coisas começam a acontecer no seu pensamento, se você lutar por isso, o pensamento vira “coisa”, ganha concretude. Tudo começa na nossa cabeça. Se tiver o tratamento adequado, esses pensamentos viram realidade mesmo. Fico até emocionada de falar, de ver aquilo ter se tornado realidade. Fico o dia todo lá no curso, cuidando dele, olhando o material (risos). Estou mesmo apaixonada pelo meu curso!