Em agosto, desgraça pouca é bobagem. Não bastasse a longa estiagem que seca os pastos e reduz drasticamente a produção, os pequenos agricultores instalados ao longo da Estrada Municipal Neca Verdi, na região sul do município de Fernandópolis, tiveram que conviver esta semana com a falta de energia elétrica.
Por 18 horas ininterruptas das 14h20 do dia 31 de agosto às 8h30 do dia 1º - o bairro rural ficou sem energia elétrica. A pane deixou às escuras as 75 casas da comunidade e parou os equipamentos de trabalho, como resfriadores de leite, ordenhadeiras, bombas dágua e outros. A comunidade adentrou setembro literalmente no escuro.
O produtor rural Sidnei Roberto Casemiro, proprietário da Estância São José, disse que as queimas de equipamentos são comuns, por causa das constantes quedas de energia. Tive que instalar um estabilizador. Quando a energia cai numa casa do bairro, cai em todas, revelou.
Sidnei explicou que a falta de energia traz sérios problemas aos produtores. Quem produz leite e tem ordenha mecânica precisa resfriar o produto. Há outro problema: as vacas estão condicionadas e não aceitam ordenha manual. Além disso, a falta de ordenha pode causar mastite, comentou.
PASSARINHOS
Segundo Sidnei, um chefe de serviço da Elektro lhe teria dito, em outra ocasião, que os problemas podem ser causados por choques de passarinhos contra a fiação elétrica. O produtor contou que os técnicos da empresa estão analisando as causas do corte no fornecimento, de acordo com a informação de uma funcionária da Elektro.
Disseram que teria caído um poste de energia primária. É difícil acreditar nisso, numa época absolutamente sem chuvas, considerou.
Os problemas de fornecimento de energia elétrica também foram notícia em julho, quando o Frigorífico Friboi se queixou por receber energia insuficiente para manutenção de seu maquinário. Na ocasião, a Elektro justificou-se dizendo que não falta energia era caso de readequação do alimentador, o linhão que serve a empresa.
Foi necessária a intervenção do prefeito Luiz Vilar junto à companhia energética para reduzir os prazos de substituição dos cabos, porque o grupo iraniano que comanda o frigorífico ameaçava interromper o abate.
Na ocasião, o consultor institucional da Elektro, Nilton Azambuja Ferreira, do escritório de Votuporanga, disse que não falta energia elétrica para Fernandópolis, já que o consumo no horário de pico chega a apenas 75% da capacidade instalada.