Compositor: o fiel tradutor dos sentimentos da alma

20 de Agosto de 2025

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Compositor: o fiel tradutor dos sentimentos da alma
Traduzir os sentimentos do coração em letras e notas musicais, que ganhem vida e ecoem, invadindo almas, despertando sentimentos, levando a alegria, trazendo a paz e o amor, é dom divino. Parte desse mérito é deles: compositores, verdadeiros alquimistas com a missão transformar palavras em preciosas melodias com começo, meio e fim – tal qual o ciclo da vida.

Todos os dias, milhares de pessoas gastam boa parte do tempo ouvindo música ou realizando atividades diárias embalados por ela. Comércios, empresas, consultórios, academias são invadidos pelos mais diversos ritmos e estilos musicais, que se fundem com o barulho do carro, do telefone e de máquinas trabalhando.

Ontem, 15 de janeiro, foi comemorado o Dia Mundial do Compositor. Uma data quase esquecida no calendário universal. Desde os mais remotos tempos, a música ganhou força e vida própria e superou o seu próprio criador.

Como um pai que sente orgulho do filho: assim são os compositores. Passam dias, semanas, meses para “gerar sua obra-prima” e depois entregá-las ao mundo. Vê-las alcançarem o sucesso é sua maior satisfação.

É o que sente o cantor e compositor fernandopolense Sérgio Kamiyama. Ao todo, ele compôs cerca de 30 músicas. Uma delas chegou a ser “cobiçada” pelos cantores de música-raiz Pena Branca e Xavantinho - este último já falecido. A letra conta a história de vida da dupla. “Uma vez eles contaram para mim e para meu irmão que, quando crianças, brincavam de fazer show no quintal da casa. Uma enorme mesa de madeira virava palco. Então fiz a música caipira “Tempo que foi”. Eles adoraram e disseram que tinham interesse em gravar, mas Xavantinho acabou morrendo algum tempo depois”.

Algumas de suas canções também já foram gravadas por outros cantores - como Rogério Freire e Super Somma – e outras já atravessaram o mundo. Em 2005, quando Kamiyama decidiu morar no Japão, conseguiu tocar em bar através da amizade de dois músicos japoneses.

“Eu conheci esses músicos, que são irmãos, em uma loja de instrumentos. Eles me viram tocando e perceberam pelos acordes e ritmo, que se tratava de músicas brasileiras e começaram a pedir para tocar Elis Regina, Ivan Lins e Tom Jobim. Como eu ainda não sabia falar japonês, apenas tocava. Naquele dia trocamos telefones. Um deles decidiu comprar um livro que ensinava o português, aprendeu algumas frases e me procurou e passamos a tocar na noite. No repertório eu sempre encaixava músicas minhas. Antes de eu deixar o país, um japonês traduziu minhas músicas para sua língua e pediu para ficar com um CD meu. Quem sabe minhas músicas façam sucesso lá”.

Kamiyama, depois de ter passado por várias bandas (Plataforma, Energia, Beco, Sr. Pestana, etc.) canta e toca na banda Velho De War e continua se dedicando
às composições. Entre as canções que mais gosta está a música “Novo” (segue letra abaixo), mas as que caíram na “boca do povo” foram: “Outro Lugar” e “Ao Despertar”.

A inspiração vem naturalmente. Kamiyama revela que já chegou a “receber canções” enquanto dormia e também perder várias, vencido pelo sono. Agora é regra: sonhou com uma música, levanta, pega papel e caneta e corre para o violão. Mas nem sempre elas vêm na leveza do sono; a composição de “Novo”, por exemplo, surgiu a partir das dificuldades vividas no Japão. Em canções como esta, ele encontrava força para recomeçar um novo dia e vencer mais uma batalha.


Flávio Boni, suas músicas caíram no gosto popular


Outro cantor e compositor fernandopolense que fez com que suas canções caíssem no “gosto popular” é Flávio Boni. Ele vem de uma família apaixonada por música.

Começou a estudar teclado aos oito anos de idade, aos dez fez violão e aos 14, técnica vocal. Estudou em conservatórios de Fernandópolis, São José do Rio Preto, Catanduva e Araraquara. Aos 16 anos, montou uma banda (Homoplata). Foi nessa época que decidiu cantar suas próprias canções. Uma média de 15 músicas Flávio compôs ao longo desses anos. Duas ganharam maior destaque: “Trilhas” (que foi a música carro-chefe do CD) e “Ser Imortal” (segue letra abaixo).

Para Boni, a composição está intimamente ligada à inspiração, que pode surgir a partir de um encontro com amigos ou do rompimento de um relacionamento. Foi assim que nasceu a música “Ser Imortal”. No timbre vocal firme e sereno de Flávio, a balada romântica foi muito executada nas rádios locais. Sua última composição, “Cura-me”, foi feita no ano passado para um projeto da Igreja Evangélica Shekinah.

Atualmente, Flávio descobriu uma nova vocação: empreendedor. Ele montou o Centro de Orientação Musical FB e tem se dedicado à formação de novos músicos. Sua meta é formar bons profissionais com condições de alçar vôos maiores que os seus. “Esse ano ainda não tive tempo de compor nenhuma música, mas nessa nova fase da minha vida, inspiração é o que não vai faltar. Estou muito feliz com o novo projeto. Meu sonho é formar bons profissionais e vê-los se destacando e alçando vôos maiores que os meus”.