Como um bom taurino, Geraldo Silva Carvalho é daqueles que não desiste fácil dos objetivos. Uma vez traçada uma meta, vai até o fim. Foi com o auxílio de outras pessoas decididas como ele, que a Associação Espírita Beneficente "Pátria do Evangelho" da qual é presidente conseguiu se estruturar, em 1965, após passar por algumas modificações. Com a ajuda de Nestor João Masoti, doutor José Milton Martins que já faleceu Bento Teixeira do Carmo e o Coronel Benedicto Vicente Mapelli, foi possível organizar um novo estatuto, comprar a área onde é o Lar "Memei" e, posteriormente, o terreno onde foi construída a sede. Acompanhamos todo o trabalho de projeto e construção das instalações, lutando com muitas dificuldades, disse Geraldo. Além da atividade assistencial representada pela Casa da Criança "Meimei" foi também iniciado um trabalho na favela do bairro Santo Antônio - que recebe o nome de Projeto Renascer - com atividades de reforço escolar e recreação para crianças carentes do bairro. Este trabalho se iniciou com um lanche servido às tardes de sábado e permanece até hoje.
Dar assistência a essas pessoas é motivo de alegria para Carvalho. Mas o seu trabalho não para por ai, pois também faz parte do grupo de visitas da Associação de Voluntários no Combate ao Câncer de Fernandópolis (AVCC). Toda quinta-feira Geraldo se une a um grupo - composto por cinco pessoas - para visitar os pacientes, levar cestas básicas, uma palavra de conforto e oferecer ombro amigo. Carvalho passou a se dedicar à AVCC ao descobrir, há cinco anos, que estava com câncer de próstata. Depois que passou a fazer radioterapias em Barretos e conviver com os pacientes de lá, começou a levar a vida de modo diferente, compreendendo melhor a dor do próximo. Apesar de ter a formação de engenheiro aeronáutico, já ter trabalhado como agricultor, pecuarista e, atualmente, ser comerciante, ele daria um bom psicólogo ou psicoterapeuta, pois é um ouvidor nato.
Eu gosto de atender às pessoas, recebo várias por dia no escritório. Ouço problemas de brigas, separações, perdas ou decepções. Dizem que tenho um ouvido terapêutico. Já trabalhei com alcoólatras, adictos e psicopatas, tendo mantido - por um bom tempo - visitas periódicas em hospitais e clínicas psiquiátricas. Mas é frustrante quando não consigo um resultado positivo. Se a pessoa não se ajuda é difícil. Por vezes cheguei a levá-los para minha fazenda, onde passavam meses na laborterapia, mas quando retornavam para a cidade, acabavam voltando à mesma vida de antes. Todos têm livre-arbítrio e cabe a nós respeitar esse fato, afirmou.
Para Geraldo, ajudar às pessoas é um prazer e combustível para a vida. Eu não consigo parar. Se as pessoas vêm ao meu encontro pedindo socorro, procuro ajudar a todas dentro de minhas possibilidades. Todos os dias ele está presente à Associação, seja para cuidar da parte administrativa, seja para a ação doutrinária ou assistencial. Seu dia-a-dia é agitado. Levanta às 5h30 todos os dias, às 6h faz caminhada com a esposa - por quase uma hora - volta para casa, toma café e vai para o trabalho. Às quartas-feiras, das 17h às 18h, se reúne com um grupo no hospital da AVCC para fazer estudos e preces na tentativa de colaborar com o equilíbrio e sucesso do hospital.
Para levar essa vida tão agitada, Geraldo tem que se preparar não só fisicamente, mas espiritual e emocionalmente. E é na Doutrina Espírita que ele encontra forças e equilíbrio para desenvolver todas as atividades com êxito. Questionado pelo CIDADÃO quanto ao seu maior sonho, ele diz: Conseguir vencer a mim mesmo no dia-a-dia. Quero melhorar, abandonar certos costumes o que, depois de certa idade, não é tão simples; mas tenho buscado a cada dia ser melhor, para também oferecer o que de melhor há em mim, concluiu.
