Para Birolli, Fernandópolis está “no fundo do poço”

20 de Agosto de 2025

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Para Birolli, Fernandópolis está “no fundo do poço”
O anúncio do nome do engenheiro e empresário Paulo Birolli, de 59 anos, como candidato a vice na chapa de Luiz Vilar (DEM) foi uma das surpresas desta eleição. Na reta final, o PSDB, seu partido, anunciou a coligação com o DEM, ficando para os tucanos a escolha do vice. E Paulo Birolli, o ungido, já chega atirando na adversária Ana Bim: “Fernandópolis está no fundo do poço”, vociferou ele, na mais incisiva das entrevistas feitas por CIDADÃO com os candidatos majoritários.

1)Qual é o nível de proximidade entre o seu pensamento político e o de seu candidato a prefeito? Eles são parecidos ou a chapa é apenas em decorrência de estratégia da sua coligação?
Paulo Birolli – Nosso pensamento político é o mesmo, aceitamos grandes desafios. A campanha de vice-prefeito é mais um grande desafio na minha vida. E o Vilar é assim também, já foi prefeito, assumiu a Fundação e o resultado todo mundo vê. Faço o gerenciamento de obras da CDHU na região de Araçatuba e Rio Preto e desde que assumi, em 1991, passamos a pintar as casas, o que não acontecia antes. Gosto da mudança para melhorar. Como presidente da Expô remodelamos o recinto, adaptamos o espaço para deficientes físicos e melhoramos muita coisa. Não se pode pegar um projeto e mantê-lo, é preciso criar, inovar, trazer benefícios, mudar. Temos os mesmos ideais para que Fernandópolis seja reestruturada com urgência. Há três anos eu dizia numa entrevista ao Sistema Mega que o Vilar deveria ser candidato a prefeito, em função do que já acontece em nossa cidade.
No caso da nossa coligação, o pensamento político não é estratégico, mas é a decorrência da União por Fernandópolis. Estamos com diferentes grupos políticos como o do Semeghini, Rodrigo Garcia, Vaz, Analice, Regis, Vadão, Camargo, Farinazzo, Okuma, Santa Rosa e Vilar. Todos participaram ativamente na criação do plano de governo.

2)Que tipo de trabalho o sr. pretende desenvolver enquanto vice-prefeito de Fernandópolis? Vai participar diretamente da administração ou apenas dará sustentação política ao prefeito?
Paulo Birolli– Vou trabalhar totalmente ligado ao Vilar sem atrapalhá-lo; o cargo do vice não é o do prefeito. Quem vai administrar o município é ele. Vou auxiliá-lo no que precisar através da nossa ligação com empresários e governo do estado, com quem trabalho há 20 anos. Acreditamos que isso pode trazer muitos benefícios para Fernandópolis. Meu trabalho me leva aos grandes centros e desses contatos quero trazer muito coisa boa para a cidade. Além de participar diretamente da administração, a sustentação política não se dará apenas pelo vice, mas também pelos partidos coligados, a maioria. Os resultados da união serão os melhores para a sustentação de nossa cidade, já que todos participarão.

3)Na hipótese de assumir o cargo, digamos, por 30 dias, o sr. praticaria algum ato administrativo que julgasse importante, mesmo sabendo que o titular do cargo o reprovaria?
Paulo Birolli - Eu não participaria de um ato que não estivesse de acordo com o plano de governo e com certeza o Vilar também não. Nada impede que em 30 dias de férias o prefeito se comunique com o vice. Estaremos sempre conversando, pois é ele quem vai dar continuidade a qualquer coisa que eu faça em trinta dias.

4)Na sua opinião, quais são as maiores mazelas do município de Fernandópolis na atualidade?
Paulo Birolli - Fernandópolis está no fundo do poço, sem comando e respeito ao povo. A demolição da Praça da Matriz é um exemplo. Não se pode destruir o que está feito sem consulta popular. Foram muitas as dificuldades para construí-la. O patrimônio histórico destruído é uma mazela, descaso com o povo. Já o trânsito de Fernandópolis tem vários problemas e nenhuma solução prática. Em horários de pico é impossível transitar pelo centro. Vamos mudar essa situação. No caso da habitação, vamos reformulá-la. Para se ter uma idéia, as 300 casas construídas hoje foram doadas pelo Covas nas gestões de Vilar e Farinazzo. Desde 89 foram construídas apenas 1,3 mil casas. Temos a intenção acabar com o déficit de 1,5 mil moradias populares na cidade. Desativar a cozinha piloto é outro absurdo. Fernandópolis tem hoje a merenda terceirizada e 50% mais cara, sendo que se fosse produzida pela prefeitura poderia ser ampliada com a mesma verba e ainda ajudar entidades assistenciais. É um absurdo o que acontece. Outra coisa errada é asfaltar bairro em fim de mandato e deixar o desgaste nas ruas do centro. Isso é mais do que obrigação de qualquer prefeito.

5)Há algum tipo de compromisso político entre e o sr. e seu candidato majoritário, do tipo apoio para candidatura futura a prefeito ou deputado?
Paulo Birolli - Não há nenhum tipo de compromisso para uma futura candidatura. Entro como candidato a vice em função do auxílio político e administrativo que posso dar a ele. O meu objetivo é auxiliar Fernandópolis e não fazer disso um trampolim político.

6)Caso o sr. venha a saber que seu companheiro de chapa, já no exercício do cargo de prefeito, cometeu algum ato irregular ou de improbidade administrativa, o sr. tomaria medidas concretas ou se calaria, a bem do “espírito de corpo”?
Paulo Birolli - O Luiz Vilar não cometeria atos irregulares ou de improbidade administrativa imbuído dessa vontade. É evidente que não vamos compactuar com atos como esses que acontecem ultimamente, como asfaltar obra particular, que a prefeitura fez recentemente. Qualquer ato dessa maneira mereceria a nossa indignação, coisa que o Vilar nunca faria. Todos os projetos da gestão de Vilar terão acompanhamento técnico, como tudo o que ele faz, tanto na FEF como em outros empreendimentos, justamente para evitar esse tipo de coisa.

7)O sr. assumiria, se assim lhe pedisse o prefeito, o papel de “embaixador” junto à Câmara Municipal, para negociar soluções de interesse do município?
Paulo Birolli – Temos o maior número de candidatos na coligação União por Fernandópolis e certamente elegeremos a maioria no Legislativo. Quando eleitos, vamos precisar da Câmara no nosso governo e é muito importante que os poderes estejam em sintonia para trazer soluções para a cidade. Tudo precisa ser discutido num nível de igualdade entre os dois poderes. Tudo que for para o bem de Fernandópolis, tenho certeza, não teremos dificuldades em liberar. Acho que o papel de embaixador não será necessário, mas estaremos dispostos ao diálogo para chegarmos ao objetivo comum, já que os dois poderes são independentes.

8)O que Fernandópolis deve fazer para retomar o desenvolvimento?
Paulo Birolli - Será o maior trabalho da próxima administração. Quem comanda Fernandópolis hoje parece não ter vontade de desenvolver a cidade. Prefeito e vice são funcionários da população e devem trabalhar pelo povo sem deixar a cidade perder seu espaço. No ano passado, pela primeira vez na vida, vi a nossa população cair aqui. Nossos filhos estão indo embora. Isso é um absurdo. Em debate com os partidos e pelo que ouvimos do povo, a maior ansiedade é o retorno do desenvolvimento. Como fazer isso? Estamos em ponto estratégicos com a linha férrea e o entroncamento rodoviário. Precisaremos melhorar nossas leis, atrair o empresariado e gerar novos empregos. Essa é a nossa maior proposta, ajudar quem já está aqui a se estabelecer e crescer e apoiar a vinda de novas empresas. Um parque industrial próximo a cidade é importante para facilitar o acesso do trabalhador e o custo das empresas. Teremos que alterar a lei de incentivos fiscais, desenvolver projetos de viabilidade econômica, buscar indústrias e aproveitar o que se produz na região, como o látex. Atender a demanda das usinas com indústria que produza peça para destilarias de álcool. Reativar o frigorífico e participar ativamente das negociações para recuperar os índices de exportação é outro desafio a enfrentar em Fernandópolis. Um terminal aéreo de cargas é outra urgência. O prefeito tem que entender as necessidades do empresariado para que o desemprego não ocorra. Teremos que criar um novo parque industrial, mais perto da zona urbana.