Vida Universitária

20 de Agosto de 2025

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Vida Universitária
Um fenômeno bastante acentuado na paisagem urbana da Fernandópolis do século XXI é a proliferação das casas de estudantes, as chamadas “repúblicas” – fenômeno bastante comum, há três ou quatro décadas, em cidades dotadas de muitas faculdades, como São Carlos e Ribeirão Preto.

Essas repúblicas fernandopolenses têm nomes curiosos, dados pelos próprios moradores. Um exemplo é a “República Domínio & Cana”, onde hoje vivem 4 estudantes - Camila, de Votuporanga, Wanessa, de São Paulo, Janete, de Ouroeste, e o recém-“dominado” Caio, de Chapadão do Sul/MS.

O nome anterior era República Tcheca. “Enquanto morávamos somente em três meninas era República Tcheca, mas com a chegada do Caio, nós resolvemos mudar o nome de nossa república. Com um homem morando com a gente não dava mais para continuar com o nome antigo né?”, disse Wanessa, ao lado de Janete e Caio.

A outra moradora, Camila, estava em Votuporanga. Os três estudantes contabilizavam e dividiam as despesas mensais da Domínio & Cana no momento da entrevista.

“Esta é a hora mais difícil, a mais desgastante quando se mora em uma república, a divisão dos gastos, mas nós sempre chegamos a um acordo”, garante a paulistana. Janete, por sua vez, diz que discussões e reclamações de vizinhos são realmente comuns quando se trata da agitada vida universitária das repúblicas, mas que, para ela, a amizade com um sobrinho de uma vizinha, a salvou de uma noite ao relento.

“Voltei de uma festa onde todas nós nos desencontramos, e eu perdi minhas chaves. Por sorte, minha vizinha deixou que eu dormisse em sua casa”, lembra a universitária.

Na República K-Zona, onde vivem 6 estudantes (Tripa, Zóio e Hernando, de Costa Rica/MS; Gaúcho, de Ijuí/RS, Rato, de Pereira Barreto/SP e Diego, de Cassilândia/MS), segundo diz a “história republicana” de Fernandópolis, já reuniu em uma festa, cerca de 600 pessoas, honrando o nome K-Zona.

“Naquele dia realmente valeu o ditado de que ‘sempre cabe mais um’, nós realizamos uma grande festa. Hoje moramos em seis companheiros, e continuamos realizando nossas festas, curtindo a vida e, claro, estudando sempre”, afirmou Gaúcho.


Festas, saudade e uma pitada de sal

Na “Total Flex”, dividida por 4 estudantes - Du, de Votuporanga, Renato, de Jales, Dário, de Três Lagoas/MS e “Rodrigo São Paulino”, de Fernandópolis, o mais comum são as histórias de “homéricas” bebedeiras.

“Aqui nós gostamos de fazer festa, claro que fora das épocas de prova, porque aí não dá, a ressaca no dia seguinte é forte. Várias vezes nossos amigos e convidados dormem aqui mesmo, não dá pra ir embora depois de uma festa na Total Flex”, diz Du.

Dário, natural de Três Lagoas, diz que o telefone e o MSN são muito utilizados para diminuir a saudade de casa. Enquanto ajudava seu companheiro republicano Du, colocando a mão na massa durante o preparo do almoço, ele confessou que a saudade de casa e da família às vezes bate forte.

“Temos que aproveitar os feriados prolongados e ir pra casa, aproveitar muito o tempo que temos para matar a saudade”, disse Dário.

“Ele não é muito chegado em cozinhar não, encostar a barriga no fogão não é muito a praia dele”, garantiu Du, pouco antes de alertar o amigo. “Não desliga o fogo não, ainda não coloquei o molho de tomate na carne, e você também se esqueceu do sal”.


Pingos nos is

Seis rapazes de uma república hoje sem nome, tiveram que se curvar à ira de uma das namoradas dos universitários, e viver no “anonimato”.

“Nossa república se chamava ‘Pípi Nelas’, mas aí não rolou mais esse nome depois que a namorada de um dos moradores tomou conhecimento. Tínhamos até mandado fazer uma faixa, mas tivemos que tirá-la”, disse um dos moradores.
Dormir em dias de jogos de futebol nessa república é uma tarefa praticamente impossível.

“Quando o meu time ganha, eu faço festa e não deixo ninguém dormir. No jogo seguinte pode acontecer o contrário, mas o barulho é o mesmo. Invasão dos quartos de madrugada e som alto faz parte das nossas comemorações, e o mais importante é não deixar ninguém dormir”, garante outro dos “anônimos”.

Em uma das mais antigas repúblicas da cidade, a Mansão Casarão, moravam 10 universitários. Na casa, que hoje é uma pensão para estudantes, há piscina, mesa de bilhar e sauna. Muitos podem achar que a vida em uma república sai caro, pesando no bolso dos pais dos estudantes. Porém, se as contas forem colocadas na ponta do lápis, após a divisão dos gastos cada morador fica com uma parcela mais leve do que se imagina para pagar no fim do mês.


A identidade das Repúblicas

Algumas Repúblicas explicitam nomes engraçados, intuitivos e sugestivos, outras recorrem à linguagem “cifrada”, e que lidas através de um espelho, redundam em sonoros palavrões: Kinder (cada dia uma surpresa); “Entrometeu”; H-Romeu; Aqui o pé não dói; Mansão Casarão; “Subaco de Cobra”; Kafofo; “Pai” Trocínio; Toddynho; “Pípi Nelas”; Atecubanos;